Imagina que se tudo o que alguma vez precisaste, para fazer o que quer que fosse, estivesse à tua disposição, acessível e mesmo aqui à mão. Que se não soubesses como fazer algo, tivesses sempre alguém disponível que te desse uma mãozinha. E que, se em vez de comprar, armazenar, manter, consumir, atualizar as tuas próprias ferramentas, pudesses fazer tudo isto numa biblioteca partilhada. Quantas vezes utilizaste aquele berbequim de 30€ que compraste no supermercado? Quantas vezes foste à dispensa procurá-lo e já não funcionava ou faltavam-lhe peças? Quantas vezes compraste um utensílio do qual só te serviste uma única vez? Agora multiplica isso por cada pessoa que vive na tua rua, bairro, cidade. São muitas oportunidades perdidas. São muitos euros gastos, recursos, energia e peso no nosso ambiente.

No Largo temos um protótipo deste projecto que já serviu muitas pessoas de muitas formas. Desde pôr projectos em marcha, a facilitar a vida dos nossos vizinhos. Agora queremos criar um sistema que simplifique e assegure o processo de empréstimo, adquirir mais utensílios e ferramentas, expandir o seu alcance.

Imagine that all you ever needed to make almost anything would be at your disposal, easily accessible, in a place near you. That if you didn’t know how to make something, there would always be someone willing to give you a hand. That instead of each of us needing to own, store, maintain, consume, update our tools, we could do it in a shared library. How many times did you use that 30€ drill that you bought in the supermarket? How many times, when you went back for it, it didn’t work anymore or it was missing something? How many times did you buy a tool to use only once? Now multiply that for everyone in your street, neighbourhood, city. That’s a lot of missed opportunities. That’s a lot of wasted money, resources, energy, and weight on the environment.

At Largo, we already have a prototype of this and it has already served many people in many ways. From making projects possible to making our neighbours’ lives better. Now we want to be able to create a system to simplify the borrowing process, acquire more tools, extend its reach.

A Rua+ começou na colaboração com uma associação de comerciantes local para incentivar a requalificação urbana de uma das mais antigas ruas de Peniche, em conjunto com os residentes, comerciantes e o município. O projecto não avançou no formato proposto, no entanto motivou-nos a fazer mais experiências e a promover o impacto que as mesmas têm na comunidade. Ao mover intencionalmente algumas das nossas actividades para o exterior e usando as ruas como o nosso recreio ou laboratório, observamos que os hábitos dos condutores se foram transformando. Os condutores tornaram-se mais cuidadosos, há menos carros estacionados nos passeios e mais pessoas a andar e a passar mais tempo lá fora. Ao organizar e participar em discussões públicas e defendendo o espaço das crianças e dos mais velhos na cidade é notório o aumento da sensibilidade para estes aspectos por parte da comunidade. Ao tomar a iniciativa de limpar e jardinar o nosso bairro surgiram múltiplas conversas sobre a importância que estas actividades têm no nosso bem estar individual e comum. E como a participação activa do cidadão nestas tarefas pode ser divertida e, melhor ainda, como pode criar um sentido de co-apropriação do espaço público. Outros residentes e comerciantes juntaram-se, têm sido mais proactivos e menos dependentes dos serviços municipais que têm cada vez mais falhas nos recursos.

Desde quantificar semanalmente as beatas deitadas ao chão em frascos expostos na montra, a transformar as montras de espaços desocupados em telas/galerias públicas. De converter uma cabine telefónica fora-de-serviço numa mini-biblioteca aberta, a convencer a junta de freguesia a manter as árvores em vez de as substituir por mobiliário urbano. Estamos a brincar com o que é possível e a observar os efeitos. Queremos continuar a fazê-lo, a documentar as experiências, a expandi-las por outras ruas da cidade e outras cidades do mundo.

Rua+ (Street+) started as a collaboration with a local commercial association, to incentivize the urban requalification of one of the oldest streets in Peniche together with the residents, businesses, and the municipality. The project didn’t advance in the proposed format but inspired us to take it into our own hands to make small experiments and promote the impact they had in the community. By intentionally moving activities to the outdoors and using the streets as a playground, we have observed the change of habits of drivers. We see drivers being more careful, less cars parked on the sidewalks, and more people walking and spending time outside. By organizing and participating in public discussions and advocating for the place of children and elderly people in the city, we see an increase of awareness about the issue within the community. By taking into our hands to clean and garden our neighbourhood, we started conversations about its importance to our wellbeing, and how citizen participation in these tasks can be a normal and even fun activity that creates a shared sense of ownership of the public space. Other residents and businesses have joined in and are more proactive, less dependent on the city services that lack the capacity in taking care of everything with increasingly low resources.

From window-charting the weekly quantities of cigarette butts on the ground, to transforming vacant shop windows into public art canvas/galleries. Hacking out-of-order phone booths into open tiny libraries, to convincing the local parish to keep trees standing vs installing urban furniture in its place. We are playing with what’s possible and watching the effects. We want to continue making, documenting our experiences, and opening them to other streets in the city, and other cities around the world.

O Covid-19 mudou as nossas vidas de formas que ainda nem sequer conseguimos avaliar. Ficámos em pausa e fomos forçados a repensar muitas coisas que nos acostumámos a dar por garantidas. Ir à escola foi uma delas. Os largonautas não conseguiram ficar parados, meteram cabeças, corações e mãos à obra para montar uma iniciativa que recicla computadores sem uso para doar a alunos que não têm acesso à escola online. O projecto criou um movimento nacional e em poucas semanas foram angariados centenas de equipamentos. Temos aprendido tanto com este projecto que só faz sentido continuar até não haver um único aluno sem acesso à escola online. 

O Reciclar para Aprender não é o primeiro projecto com base na aprendizagem e certamente não será o último. O plano é que num futuro próximo a iniciativa evolua para outras actividades que envolvam sustentabilidade e aprendizagem.

reciclarparaaprender.com

Covid-19 changed our lives in ways we are yet to understand. Our lives were put on standby, and we were forced to rethink many things we took for granted. The way we attended school was one of them. The largonauts couldn’t keep still so they put their heads, hearts, and hands to work and put together an initiative to recycle unused computers and donate them to students without access to online school. The project inspired a countrywide movement, and we raised hundreds of devices in just a few weeks. We have learned so much with this project, and we want to continue until there’s no student without access to education.

R4L is not the only or the first learning-based project that is born at Largo and surely won’t be the last. In the near future, there’s a plan to evolve the project to other activities that involve sustainability and learning.

recycleforlearning.com

Adoramos o azul do mar e que é o que não falta em Peniche, infelizmente, o verde não abunda. Centenas de anos com olhos e corações postos no oceano deixaram a terra árida e a comunidade desligada da natureza que nasce do solo. Para além dos campos de culturas intensivas, vemos muito pouco verde. Quase não há árvores nas ruas e nos parques, não há cultura de hortas, e a vegetação natural está ameaçada pela má gestão e construção. Disseram-nos que não podemos ter tudo, escolher o mar ou o campo. Mas nós não queremos escolher. Há muitos exemplos e know-how para trazer os recursos necessários para que isso aconteça. Trazer de volta árvores e vegetação autóctone para os solos e para as ruas de uma forma bem estudada e planeada. Disponibilizar terrenos de gestão comunitária para o cultivo de alimentos de forma sustentável. Apoiar iniciativas para a recuperação da terra e do solo, criando um ambiente mais saudável e maior bem-estar. Sensibilizar para a importância da natureza nas zonas urbanas e para o impacto da qualidade dos alimentos na nossa saúde.

We love the blue of the ocean and we have plenty of that in Peniche, unfortunately, green does not abound. Centuries with the eyes and the hearts turned to the sea have left the land bare and a community disconnected from the nature that grows from the soil. Other than the fields that grow intensive subsistence farming crops, we see very little green. Almost no trees in the streets and the parks, no culture of vegetable gardens, and the natural vegetation being threatened by mismanagement and construction. We’ve been told we can’t have it all, to choose either the sea or the country. But we don’t want to choose. There’s plenty of examples and know-how to bring in the resources to make it happen. Bring back indigenous trees and vegetation to the bare soils and the streets in a well studied and planned manner. Create a community-managed lots for growing food in sustainable ways. Support initiatives to recover land and soil and create a healthier environment and well-being. Raise awareness about the importance of nature in urban areas and the impact of the food-quality in our health.